Quais os mitos que você, mulher, já ouviu no decorrer da sua vida? Qual a força e o crédito que você dá para eles?
Certo dia, tranquila, tomando um café numa cafeteria que adoro aqui em São Paulo, me deparei com a seguinte frase da mesa ao lado: Decerto, que os homens têm foco, já as mulheres são multitarefas e querem fazer tudo ao mesmo tempo e acabam fazendo tudo mais ou menos.
Engoli o meu café meio seco e me questionei quantos desses mitos que já ouvi no decorrer da minha vida e comecei a refletir como alguns estereótipos podem ser perpetuados e como podemos ter consciência deles para superá-los dia a dia.
Um mito que me marcou muito na infância foi uma fala de que carros eram brinquedos de meninos e bonecas de meninas. Meu pai quando chegava de viagem, trazia um carrinho para meu irmão e uma boneca para mim, mas eu sempre preferia o carrinho, não entendia porque eu não poderia ter um carrinho, pois naquela época achava ele bem mais legal.
Não me lembro bem, mas pelo que sei, meu pai passou a me trazer carrinhos também. Numa fase posterior a essa, me lembro de ganhar uma boneca que batia palmas, eu amava aquela boneca! Eu a chamava de “bate palminhas”, ela também cantava. Hoje eu percebo que eu queria mesmo era um brinquedo que interagisse comigo: boneca, carrinho, bola… não importava.
Os mitos são narrativas com o objetivo de explicar a origem de algo sendo considerado importante para determinado povo.
A minha reflexão realizada no café, me trouxe uma linha do tempo dos mitos que ouvi desde criança até o mercado de trabalho.
Certa vez, numa empresa que trabalhei, uma gestora me chamou para conversar e me orientou a não usar calça apertada e não passar batom para ir trabalhar, pois trabalhava com muitos homens e eu chamava muita atenção. Aquilo me feriu muito. Aquelas palavras ecoaram na minha mente a noite toda, até hoje penso naquele dia e foi muito difícil voltar ao trabalho no dia seguinte.
Quantas outras mensagens aquelas palavras significavam! Muitas vezes, nós mulheres repetimos e reproduzimos esses comportamentos com pensamentos que não só ouvimos, aprendemos a vida toda e que ficam enraizados em nós. São pensamentos difíceis de perceber.
Fiquei me questionando qual o sentido tem a mulher precisar agir e se apresentar como homem para ser respeitada na empresa. Após e antes deste episódio aconteceram muitos outros que não vou citar aqui.
Essa linha do tempo, me fez pensar como o investimento em autoconhecimento me auxiliou na construção de uma base sólida para trilhar os caminhos da minha vida. Entendo que teremos narrativas nesse caminho, mas desenvolvendo a capacidade de inteligência emocional para lidar com as frustrações e opiniões contrárias posso planejar os meus caminhos e construir a minha própria narrativa.
Sou Psicóloga, Coach e me dedico a saúde mental como o objeto principal do meu trabalho, sobretudo as temáticas que envolvem o estresse, esgotamento profissional (Síndrome de Burnout), ansiedade, depressão e suas implicações. Sou idealizadora da Plataforma Wélita Miranda de Saúde Mental, do Grupo de trabalho Saúde Mental das Mulheres, com Atendimento Psicológico Individual. Gosto de contribuir para o crescimento de quem me cerca e também aprender junto nesse convívio.
Integro esta carreira com consultorias voltadas para Gestão e Gente, onde aplico minha expertise de mais de 15 anos de atuação em grandes organizações multinacionais.
Nascida em Goiás e morando em São Paulo, sou uma pessoa leal aos meus valores, acredito na importância de promover às pessoas um lugar de fala e de desenvolvimento, para que possam olhar verdadeiramente para si mesmas e suas questões, em busca de bem-estar e saúde mental.
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